13.12.05

Da Série "Esse Sabe O Que Faz"

Augusto dos Anjos é, na minha opinião, um dos melhores poetas em língua portuguesa (a despeito do que Olavo Bilac possa ter dito). Seus temas sombrios e o linguajar nem sempre "poético", muitas vezes "científico", causam uma estranheza interessante. O Poema abaixo chama-se Contrastes.A antítese do novo e do obsoleto,
O Amor e a Paz, o ódio e a Carnificina,
O que o homem ama e o que o homem abomina,
Tudo convém para o homem ser completo!

O ângulo obtuso, pois, e o ângulo reto,
Uma feição humana e outra divina
São como a eximenina e a endimenina
Que servem ambas para o mesmo feto!

Eu sei tudo isto mais do que o Eclesiastes!
Por justaposição destes contrastes,
junta-se um hemisfério a outro hemisfério,

As alegrias juntam-se as tristezas,
E o carpinteiro que fabrica as mesas
Faz também os caixões do cemitério!...Aos interessados, minhas sugestões, além do texto acima, são "Versos Íntimos", "Último Credo" e "Monógo de Uma Sombra"